Sessão ordinária é marcada por críticas à empresa concessionária do transporte coletivo
Os pronunciamentos na tribuna na sessão ordinária desta segunda-feira (8.mai) trataram do transporte coletivo de Anápolis, com críticas à empresa Urban. Vereadores defenderam comerciantes do Terminal Urbano, que acompanharam os trabalhos em plenário e reclamaram do valor que a concessionária pretende cobrar de cada um, em forma de rateio, para manutenção do espaço, que fica na região central da cidade, ao lado da Praça Americano do Brasil.
Primeiro a falar sobre o tema, ainda no pequeno expediente, o vereador Jean Carlos (PTB) classificou a taxa que a Urban pretende cobrar de “abusiva”, mas ressaltou que o processo para tentar evitar que isso aconteça deve ser construído sem “achismo” ou “precipitação”.
“Reafirmo aqui meu compromisso de lutar para que eles [comerciantes] continuem prestando seus serviços, mas temos que criar alternativas para a administração municipal rever o contrato [com a Urban] dentro da lei”, discursou Jean. O vereador disse que aguarda planilha que está sendo elaborada pela Companhia Municipal de Trânsito e Transportes (CMTT), para saber de fato os valores consumidos para manutenção do Terminal Urbano.
“Temos que aguardar a aferição da CMTT para que aí sim tenhamos motivação concreta. Com a planilha, passamos a ter dados reais”, disse ainda o vereador do PTB, que lembrou que a Urban possui um parecer favorável da Procuradoria-Geral do Município para explorar o espaço, mas que a “administração precisa intervir em favor do interesse público”.
A vereadora Vilma Rodrigues (PSC) falou sobre projeto de lei de sua autoria, em tramitação, que concede passe livre para deficientes, idosos a partir dos 60 anos e doentes de câncer, entre outros grupos, levando em conta a renda familiar. Disse que não se trata de cortesia com o chapéu alheio.
“Quem tenta fazer cortesia com chapéu alheio é essa empresa que faz o transporte urbano. Quem é beneficiado com o passe livre é de extrema pobreza. Ninguém quer andar de ônibus. Quem tem uma bicicleta não quer andar de ônibus”, ressaltou Vilma.
A vereadora do PSC afirmou que a empresa concessionária “não paga nenhum centavo pelo pobre que anda de ônibus”. “Quem paga é o poder público. É uma empresa milionária que não quer conceder o mínimo”, completou. Vilma se dirigiu aos comerciantes do Terminal Urbano: “é assim que a gente consegue nossos direitos, lutando por eles”.
Coautor do projeto lei do passe livre, o vereador Teles Júnior também usou a tribuna para falar do assunto. Segundo ele, a empresa não pode utilizar um víeis econômico, o aumento de passagem, para ir contra um benefício social, que é a gratuidade para grupos específicos da sociedade.
Sobre os comerciantes do Terminal Urbano, Teles afirmou que com a crise enfrentada pelo Brasil, o lógico seria que a Urban não cobrasse nenhum centavo dos boxistas. “A TCA fazia isso e nunca reclamou. Todas as empresas prezam o papel social, eles fazem propaganda disso. Qual o papel social da Urban? Nenhum. A não ser estar transformando pais de família, empreendedores, em escravo”.
O presidente da Comissão de Urbanismo e Transporte, vereador Domingos Paula (PV), também falou sobre o transporte coletivo. Ele defendeu que se há necessidade de se cobrar uma taxa dos comerciantes, que seja justa. “E que o terminal funcione limpo. Andei de ônibus esse final de semana. Nós regredimos”.
Domingos disse que o edital da concorrência pública que culminou na vitória da Urban foi no “mínimo estranho”. Para ele, a empresa que participou da disputa de um lote não poderia tentar ganhar o outro. “Isso não foi feito e continua existindo um monopólio na cidade. Qual a diferença hoje? Antes a gente perdia só para Curitiba, hoje a gente não ganha de ninguém”.
Domingos falou que a atual concessionária não respeita a Câmara Municipal, nem a CMTT, nem os usuários e os comerciantes do Terminal Urbano. Segundo ele, é preciso saber por que o ex-prefeito João Gomes “deu” o espaço para a Urban. E completou: “eu não faço cortesia com o chapéu alheio, fui eleito para prestar um trabalho para a sociedade e a empresa precisa se enquadrar, dar um transporte de qualidade ao cidadão”.
Para João da Luz (PHS), vereador que também usou a tribuna, atender a reivindicação dos comerciantes é uma oportunidade de a Urban mostrar que é uma empresa que não visa apenas o “lucro pelo lucro”. Ele pediu à Comissão de Urbanismo e Transporte que crie uma lei proibindo a concessionária da exploração imobiliária, no caso, a gestão do Terminal Urbano.
O vereador Mauro Severiano (PSDB) fez críticas a um blog que publicou texto contra ele, afirmando que registrou Boletim de Ocorrência na Polícia Civil para tentar descobrir quem é o autor das postagens. O tucano revelou ainda que foi ameaçado em uma ligação telefônica.
Sobre defender a antiga concessionária, a TCA, Mauro disse que seu primeiro emprego foi na empresa. “Lá que eu matava a fome da minha mãe, que era viúva”. Ao falar com os boxistas, o vereador defendeu que eles continuem fazendo pressão na Câmara Municipal, que por sua vez deve cobrar os responsáveis para que tomem as devidas providências.
O vereador Jakson Charles (PSB) também fez críticas à empresa do transporte coletivo. Disse que não era nenhuma surpresa o que estava acontecendo, pois se trata de pessoas que pautam a vida pelo capitalismo. “Em minha opinião, e é uma opinião [da população] anapolina, essa empresa está prestando um serviço de péssima qualidade”, discursou.
O líder do prefeito lembrou que o transporte público deve ser fiscalizado pelo Executivo e pelo Legislativo e que não compete à Urban dar opinião sobre as gratuidades, já que existe uma lei federal que regulamenta o benefício. “Eles [da empresa] não devem possuir deficiente na família. E se por ventura tiver, tem motorista em carro de alto luxo”.
Em relação ao Terminal Urbano, Jakson frisou que a Urban está querendo fazer especulação imobiliária, mas que os vereadores não vão permitir isso. “Vamos usar Justiça para defender o povo anapolino”. Segundo ele, para aumentar os custos do terminal, para rateio, a concessionária teria colocado na planilha um segurança ao custo mensal de R$ 8 mil.
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