Combate à Intolerância Religiosa é tema de audiência pública

por Fernanda Morais publicado 22/06/2023 09h50, última modificação 22/06/2023 09h47
Combate à Intolerância Religiosa é tema de audiência pública

Audiência pública prega combate à intolerância religiosa

O Combate à Intolerância Religiosa foi tema de audiência pública realizada na Câmara Municipal na noite da última quarta-feira, 21. A iniciativa partiu do vereador Professor Marcos Carvalho (PT) e contou ainda com a presença do deputado estadual Mauro Rubem (PT).

O plenário da Câmara ficou lotado de representantes de vários terreiros que hoje funcionam em Anápolis. Em comum, os presentes nos debates lamentaram que a falta de informação e de conhecimento sobre as religiões de matrizes africanas acabaram tornando a sociedade intolerante e preconceituosa.

"De forma muito propositiva abordamos um tema delicado, que ainda enfrenta muitos tabus e preconceito por falta de informação”, disse o vereador Professor Marcos acrescentando que a audiência pública tem como objetivos divulgar a realidades dos praticantes da Umbanda e do Candomblé em Anápolis e buscar a implantação de políticas públicas  que combatam a intolerância e fomente o respeito a diversidade. 

Mãe Carmén, do Terreiro Pai Mateus de Angola, lamentou que em um mundo onde a informação chega a todo momento, ainda existe preconceito de todas as formas, inclusive quando se trata de religião.

“Nossa religião, a prática dela, sempre existiu. Eu faço parte de um Terreiro tradicional da cidade que está crescendo e se fortalecendo. Infelizmente ainda temos muitos leigos que não conhecem, julgam e criticam a nossa fé. Mas seguimos nosso trabalho de fortalecimento e de ajuda ao próximo através de nossos projetos”, disse mãe Carmén.

O sacerdote Ifá da Casa de Chico Preto disse que é fundamental buscar políticas públicas que divulguem e conscientizem a sociedade quanto aos malefícios da intolerância e do racismo religioso.

"Precisamos falar sobre o Candomblé, sobre a Umbanda. A cultura do desconhecimento precisa ser mudada. Existe muito preconceito e o pior, preconceito velado. Tem gente que perde o emprego quando assume a sua religião e tem gente que pratica a sua fé escondido por toda uma vida por medo do preconceito”, lamentou o sacerdote.

O Babalorixá, Milton de Xangô, destacou que a iniciativa do vereador Professor Marcos em realizar a audiência já representa avanços em uma cidade conhecida pela sua vocação religiosa. "Primeiro porque abre espaço para discutir políticas públicas que abracem as religiões de matrizes africanas, segundo porque é fonte de informação. A discriminação surge por falta de conhecimento. E o conhecimento, liberta. Só se pode odiar o que não se conhece. Queremos mais portas abertas como essa que encontramos hoje”, frisou.

Já o deputado estadual Mauro Rubem elogiou a quantidade de participantes no plenário. O parlamentar colocou seu gabinete a disposição para colaborar com políticas públicas que possam ser colocadas em prática para o combate à todos os tipos de intolerância. 

“A primeira parte é educação. Outra coisa é praticar as leis que já temos. A intolerância e o racismo religioso e todas as formas de preconceito é crime. O Estado precisa cumprir o que a lei determina”, concluiu.

Ai final da audiência pública o vereador professor Marcos recebeu uma pauta de reivindicações para serem trabalhadas na cidade. Todos os pedidos estão relacionados a elaboração de políticas públicas de conscientização e divulgação de temas que combatam a intolerância e a discriminação. 

“Ficou acertada a criação de um grupo de debates para discutir as propostas que foram apresentadas. No segundo semestre vamos realizar nova audiência para ver o que cabe e o que não é possível se realizar partindo das prerrogativas da Câmara, finalizou o vereador.

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