Câmara realiza audiência pública sobre Dia Nacional de Luta Contra Queimadura
Foto: Ismael Vieira
Na noite de quinta-feira (07.jun), foi realizada na Câmara Municipal de Anápolis uma audiência pública de iniciativa da vereadora Professora Geli Sanches (PT). Em pauta, o Dia Nacional de Luta contra Queimadura, celebrado em 6 de junho.
A vereadora apresentou um projeto de lei na Casa com o objetivo de que a prevenção de queimaduras ganhe mais força, evitando acidentes que ferem e marcam as pessoas para sempre. A parlamentar conheceu Tatiane Félix Silva Oliveira, presidente do Sobreviva - Centro de Acolhimento aos Sobreviventes de Queimaduras e Feridos, e através de seu trabalho, decidiu abraçar a causa das vítimas de queimaduras na cidade. “O objetivo da associação é trabalhar com a prevenção e com o acolhimento dos sobreviventes. Vejo o quão grande e importante é esse trabalho. Queremos aprender mais sobre o tema e divulgar o apoio às vítimas. Sabemos também da importância do trabalho dos médicos, mas não queremos que cheguem muitos pacientes para eles”, destacou a petista.
Para a presidente do Centro de Acolhimento Sobreviva, Tatiane Félix Silva Oliveira, é necessário discutir políticas públicas para falar sobre suas lutas. “Precisamos de reinserção. Passei minha vida sequelada. É preciso ter inclusão do paciente que sofreu queimadura de médio a grande porte na Lei de Deficiente Físico, para garantir o mínimo de dignidade, garantir suas necessidades básicas. A prevenção é essencial”, informou.
A vereadora por Goiânia, Cristina Lopes (PSDB), contou que teve 85% do corpo queimado, com muitas cicatrizes e sequelas. “Sou missionária desta causa, pois não tive sequela emocional. Hoje em dia as pessoas têm acesso pelo SUS para o mesmo tratamento que eu tive pagando na década de 1980. Com muita luta, vencemos uma barreira política e conseguimos estabelecer uma unidade de queimadura, com o respeito e dignidade de serviço”, disse.
O Diretor do Hospital de Queimaduras e Dr. Científico do Sobreviva, Leonardo Rodrigues da Cunha, lembrou que é necessário aprender e ajudar na difícil tarefa da prevenção. “Não somos preparados para dificuldades. E tudo isso gera grande transtorno. Enfrentamos muitas dificuldades. As cirurgias não são suficientes. É preciso reinserir as vítimas na sociedade. O sobrevivente precisa ter condições de ter sua saúde e sua vida pessoal completa. A queimadura é uma patologia mais democrática, pois atinge todas as classes sociais. Existe uma série de demandas q essas pessoas necessitam e a prevenção é o principal caminho”, explicou.
O médico do Hospital Municipal Ivanir Rodrigues, falou sobre a batalha que enfrenta diariamente no local. “Estamos atendendo e cuidando dos pacientes. Não é fácil. Nesses últimos três anos, mais de mil pessoas passaram pelo ambulatório, contribuindo com a estatística nacional. Estou aqui para alertar para a prevenção, e dizer que podem contar comigo”, disse.
O Médico e Cirurgião Plástico do HRAN, e representante da Sociedade Brasileira de Queimaduras, José Adorno, lembrou que todos os presentes na audiência têm histórias que estão ligadas à queimadura. “Vivenciamos muita coisa com queimados. Ultrapassamos os limites da cirurgia plástica para convivermos com o pacote de tudo o que acontece. Precisamos de prevenção, inclusão, acessibilidade. E tudo isso gera dificuldades sociais. Precisamos educar as pessoas a ter cuidado. Muitas crianças são queimadas em acidente doméstico. Temos que nos unir para evoluir no tratamento em todos os sentidos”, alertou.
No final da audiência pública, a vereadora Professora Geli Sanches disse que vai apresentar uma Moção de Apelo para levar à Câmara Federal e ao Senado, para que a luta dos sobreviventes à queimadura tenha destaque nacional.
Durante o debate, uma exposição de fotos foi apresentada, mostrando a beleza dos sobreviventes.