Audiência debate uso de espaços públicos de Anápolis por artistas
A Câmara Municipal realizou audiência pública, na manhã de quinta-feira (24.out), para debater o uso dos espaços públicos de Anápolis para manifestações artísticas.
Representantes do Poder Legislativo no Conselho Municipal de Cultura (CMC), os vereadores Lélio Alvarenga (PSC) e Professora Geli Sanches (PT) receberam a solicitação para que promovessem a discussão, já que episódio ocorrido recentemente no Parque Ipiranga acabou gerando preocupação no setor cultural.
Um artista circense foi obrigado a interromper sua apresentação, pois segundo autoridades não tinha a autorização para o ato. Segundo representantes da categoria, essa não é a primeira vez que isso acontece em Anápolis.
O gerente de Licenciamento e Fiscalização Urbana (antiga Posturas) da Prefeitura de Anápolis, Jeremias Vidal, lamentou o ocorrido, disse que não partiu dele a proibição, pois não tinha nem conhecimento da manifestação, mas defendeu o ordenamento do uso do espaço público.
Vidal explicou que a proposta não passa em nenhum momento pela proibição, mas sim que possa ser criado um protocolo simples, de comunicação do artista aos órgãos competentes, até mesmo para que não haja choque de apresentações.
Os artistas rechaçaram a ideia de burocratizar uma simples apresentação e questionaram a necessidade de envio de ofício quando se busca apenas “abrir uma roda” na praça ou parque, para um teatro de bonecos, número de circo ou apresentação musical.
Aline Rodrigues de Sousa, a Nina, fotógrafa e artista de rua, contou que esteve em vários lugares do mundo, se apresentando ou assistindo apresentações, mas que infelizmente acabou sendo barrada em Anápolis, cidade onde nasceu.
Zeck Mutamba, artista circense e músico, fez um relato completo da angústia de quem vive de arte atualmente. “No ano passado chegamos ao ponto de um aluno da Escola de Circo ser obrigado a retirar um tecido acrobático que havia amarrado em uma árvore de um parque”, narrou.
Zeck lamentou que Anápolis viva essa situação em relação aos espaços públicos, pois graças a pioneiros como Washington Ribeiro, a cidade hoje tem tradição na arte circense, com companhias atuantes e local de passagem de artistas do mundo todo.
O presidente do CMC, Luiz Sérgio Fragelli, alertou para o fato de o artista viver uma situação de marginalização no Brasil atualmente, e cobrou das autoridades que Anápolis não faça parte desse processo negativo para toda a sociedade.
Presente na reunião, o diretor do Observatório de Segurança Pública, Carlos Antonio Costa, disse que o pedido dos artistas era mais do que justo, alegou que a valorização da cultura sempre foi uma das prioridades da gestão atual, e propôs uma reunião com mais órgãos, visando um entendimento quanto ao uso dos espaços públicos.
O diretor prometeu articular um encontro que tenha também as presenças da secretária municipal de Cultura, Eva Cordeiro, representante da Secretaria de Meio Ambiente, e o oficial responsável pelo Banco de Horas da Polícia Militar, pois é através desse convênio que a corporação atua em parques e praças.
Para a vereadora Professora Geli, a audiência levantou as demandas e essa próxima reunião terá a prerrogativa de definir um protoloco que atenda ao pleito justo dos artistas. O vereador Lélio destacou a importância do debate para a busca do entendimento e colocou o Poder Legislativo à disposição para atuar em parceria com a classe artística.