Audiência debate políticas públicas em favor das mulheres de Anápolis
Audiência pública promovida pela vereadora Andreia Rezende (SD), na manhã desta sexta-feira (8.out), no plenário Teotônio Vilela, reuniu mulheres de diversos segmentos com a proposta de uma atuação conjunta visando a construção de políticas públicas que contemplem a população feminina de Anápolis em suas diferentes características e demandas.
A pluralidade de discursos e visões de mundo foi destacada pelas convidadas. A advogada Mariane Stival revelou que essa era a primeira vez que ela havia sido convidada para ir ao Legislativo municipal falar de ciência – há 17 anos ela atua como pesquisadora nas áreas de direitos humanos e sociologia.
Em discurso, a vereadora Andreia disse que o objetivo da audiência foi iniciar um diálogo com a sociedade, com lideranças, ativistas e mulheres comuns para elaborar um mapeamento da situação da mulher na cidade de Anápolis.
“Queremos ressaltar que é apenas um início, que ainda existem vários aspectos a serem levantados e não temos a pretensão de fazê-lo em um único diálogo e nem exaurir o tema nesta oportunidade”, afirmou a vereadora.
As participantes também concordaram com Andreia Rezende sobre a continuidade desse debate, com a realização de novas audiências.
“Tenho como propósito contribuir para uma cidade melhor para as mulheres, com políticas públicas mais eficientes, e entendo que isso se faz ouvindo outras mulheres, compreendendo outras realidades, somando esforços, entendendo as demandas de quem vive e luta por uma realidade melhor, para que a nossa luta seja de fato a luta de todas as mulheres”, ressaltou Andreia.
A advogada Mariane Stival falou sobre a importância de se embasar as políticas públicas a partir de pesquisas e outros estudos, colocando à disposição das autoridades aquilo que é produzido hoje na Universidade Evangélica de Goiás (Unievangélica).
A promotora de Justiça Carla Brant elogiou a rede de proteção à mulher que existe hoje em Anápolis e falou sobre projeto piloto do Ministério Público que pretende acompanhar vítimas de violência doméstica desde a denúncia, ainda na delegacia.
Segundo a promotora, o que se pretende também é apurar detalhadamente os dados que envolvem a violência contra a mulher, como bairro, perfil do agressor, entre outros, permitindo que se criem políticas públicas mais eficazes.
Carla Brant sugeriu à vereadora Andreia Rezende a apresentação de um projeto de lei que crie um auxílio financeiro transitório para a mulher vítima da violência, já que a dependência financeira é um dos pontos que faz com que ela demore a denunciar ou aceite viver novamente com o agressor.
A secretária municipal Andréa Lins (Integração Social, Esporte e Cultura) falou sobre a importância das unidades do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) de Anápolis. “São unidades da assistência social que trabalham a prevenção e fortalecer os vínculos sociais e familiares”. Ela também citou a criação, em 2017, de uma casa de acolhimento para as vítimas de violência e revelou a elaboração de um protocolo para atendimento da mulher vítima agredida na cidade.
A vereadora Cleide Hilário (Republicanos) destacou o caráter histórico da violência contra a mulher, citando uma época em que a população feminina não tinha direito ao voto ou fala em espaços públicos, e chamou a atenção para agressões corriqueiras no cotidiano, como aquelas ocorridas no transporte público, por exemplo.
Também em uma fala na tribuna, a capitã Daiene Holanda, da Patrulha Maria da Penha, explicou como é feito esse trabalho da Polícia Militar, órgão que geralmente faz 90% dos atendimentos de violência contra a mulher em Anápolis. A policial reforçou a importância da rede de proteção para que haja mudanças na realidade atual.
Para a vereadora Seliane da SOS (MDB), a mudança passa também pela educação, portanto ela ressaltou a importância do papel desempenhado hoje pela secretária municipal da área, Erizânia Freitas, também presente no evento. “E que sejamos a voz dessas mulheres que precisam de apoio”, ressaltou a vereadora.
A audiência teve a participação e fala de diversas outras mulheres. Entre elas: Edna Mendes (presidente do movimento Mulheres Progressistas), Tatiane Ferreira (presidente da Comissão OAB Mulher), Ellysama Aires (ativista), Carla Moura (psicóloga do Centro de Referência da Mulher), Raianne Ramos (presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB Anápolis), Silvia Regina Nascimento e Silva (SindiSaúde), Elza Gabriela Godinho Miranda (IFG Anápolis), Lara Landin (presidente da Comissão de Direitos da Família da OAB Anápolis), Elaine Cristina (ativista), Camila Nascimento (Coletivo Manas), Larissa Ferreira (Juventude Progressista) e Danielle Nava (advogada e ativista).