Andreia Rezende repudia falas sexistas direcionadas às ucranianas ditas por deputado paulista
A vereadora preferiu nem citar o nome do parlamentar. “Um deputado estadual paulista, vocês sabem quem, não tenho o menor interesse de pronunciar [seu nome], porque eu acredito que ele não tenha esse merecimento”, iniciou Andreia, lembrando que o político teve meio milhão de votos, propondo uma “nova política” e a “defesa da liberdade”.
Andreia afirmou que ouviu atentamente as falas de Arthur, que lhe incomodaram por todo o final de semana. “Qualquer homem dizer isso me incomodaria, mas, um parlamentar, eleito democraticamente para defender o povo, é uma postura indigna a qualquer pessoa que se coloque na condição de ser candidato”.
A vereadora é ativista a favor das mulheres desde a adolescência, com diversos projetos em favor da causa. Ela reafirmou o repúdio de falas tão condenáveis virem de um parlamentar, em que se espera que defenda a constituição e defenda o povo. “Ao menos é assim para mim”, completou.
“Uma frase ecoava, dentro de todas as outras que ele fala nos áudios, também deploráveis. Grita alto para qualquer com decência que ouve os áudios, ofende a todas as mulheres: ‘são fáceis porque são pobres’”, afirmou Andreia.
A vereadora ressaltou que o comentário do deputado é condenável em qualquer contexto, mas “no meio do caos, da destruição, frente ao desespero e da morte de tantas pessoas, a instabilidade global que isso gera e do horror que todos possuem diante de guerra, é imoral”.
“É de conhecimento de todos os horrores que uma guerra cria, mas, em especial, para as mulheres que comumente dentro dessa atmosfera possuem seu corpo violado, são separadas de seus maridos e filhos e são as que mais perdem, em todos os aspectos”, discursou a vereadora.
Andreia lembrou que o deputado paulista disse abertamente que a vulnerabilidade econômica de mulheres facilita encontros sexuais. Segundo ela, tratar mulheres como objetos é desumanizá-las. “Em um contexto de guerra e estando numa condição mais estável que elas e enviar esses áudios menosprezando tudo isso, só me faz compreender que esse senhor não esta preparado para conviver em sociedade, muito menos para representar pessoas”.
“Mas vejo como importante ressaltar que em regra, homens que fazem esse tipo de comentário sobre outras mulheres, são os mesmos que se revoltam e querem tomar diversas providências quando outros homens como ele, fazem os mesmos comentários de suas filhas, irmãs, esposas ou mães, como se todas as mulheres não merecessem respeito”, prosseguiu Andreia.
A vereadora fez um paralelo com o trabalho em prol das mulheres que acontece no Legislativo anapolino. “Dentro de todo esse contexto eu me lembrei da luta que estamos travando em prol de todas as mulheres e que ressalto o trabalho de todos os parlamentares que nessa legislatura vem apoiando a favor de políticas publicas em favor das mulheres”.
Andreia teve como primeiro projeto de lei de seu mandato o código emergencial Sinal Vermelho, para que as mulheres pudessem sinalizar em qualquer lugar que estava sofrendo violência de qualquer ordem, sejam ela psicológica, física ou sexual. “E hoje percebo cada vez mais da importância de iniciativas como essa, pois, até dentro de um contexto de guerra, um homem em que aquela guerra sequer era dele, não deixou de praticar violência contra aquelas mulheres, de se referir a elas como objeto, de menosprezá-las”.
“Portanto, deixo aqui meu repúdio e que medidas possam ser tomadas pelo tribunal de ética da Assembleia Legislativa de São Paulo e que pessoas como ele compreendam cada vez mais que todas as mulheres merecem respeito”, finalizou Andreia.