Comissão de Saúde debate medidas para ampliar atendimento de alta complexidade em Anápolis

por marcos — publicado 24/08/2017 16h04, última modificação 24/08/2017 16h04

A Comissão de Saúde, Saneamento e Assistência Social da Câmara Municipal de Anápolis reuniu gestores públicos e prestadores de serviço, na manhã desta quinta-feira (24.ago), para discutir demandas na alta complexidade oferecida pelo SUS, sobretudo em relação a leitos de UTI, um tema amplamente debatido pelos vereadores nas últimas sessões ordinárias.

O presidente da Comissão de Saúde, vereador Lélio Alvarenga (PSC), frisou que o encontro teve como objetivo unir esforços para reivindicar melhorias para Anápolis. “Não estamos na pior colocação, mas temos certa dificuldade. E isso não é uma exclusividade de Anápolis, mas de todo o Brasil”, disse o parlamentar.

A vice-presidente da Comissão de Saúde, vereadora Elinner Rosa (PMDB), também ressaltou a proposta da Câmara de ouvir todos os envolvidos e trabalhar junto com a Prefeitura de Anápolis para buscar soluções que beneficiem a população. “Nós da Comissão de Saúde estamos fazendo isso, recebendo demandas e encaminhando a quem cabe buscar a solução”.

Elinner listou algumas reclamações que chegaram aos vereadores: falta de leitos de internação; demora na marcação de exames e cirurgias; falta de leitos de UTI; e problemas na distribuição de medicamentos gratuitos.

Participaram também da reunião outros dois membros titulares da Comissão de Saúde: Deusmar Japão (PSL) e Américo Ferreira (PSDB), que fizeram perguntas e apontaram possíveis soluções. Também estiveram presentes os vereadores Pastor Elias Ferreira (PSDB), João da Luz (PHS), Leandro Ribeiro (PTB), Luiz Lacerda (PT) e Mauro Severiano (PSDB).

Em uma explanação de cerca de 20 minutos, a secretária municipal de Saúde, Luzia Cordeiro, fez um balanço das suas atividades na pasta nesses primeiros oito meses. Ela ressaltou o valor da crítica, mas disse que não acredita quando isso é feito sem o verdadeiro conhecimento de determinado assunto. Por isso, Luzia louvou a atitude dos vereadores em promover um debate com aqueles que estão diretamente envolvidos com a gestão.

Segundo Luzia, houve avanços de janeiro até agora, mas ainda há gargalos há serem superados porque falta credibilidade à Secretaria de Saúde, em decorrência de situações criadas em gestões passadas. A secretária informou que será publicado um decreto definindo que a gestão municipal começará a pagar os fornecedores da Saúde em ordem cronológica.

A medida representará um ganho, pois as dívidas antigas travam o dia a dia da pasta. “Não está faltando agulha nem seringa, mas já faltaram. Dou um exemplo: quando a gente pede 5 mil [unidades] para o fornecedor, ele nos manda 100, pois essa é a forma de nos pressionar para receber o que ficou para trás”, revelou Luzia Cordeiro.

A secretária lembrou aos vereadores que a alta complexidade é de responsabilidade do Estado e nesta semana ela teve uma reunião com os secretários de Aparecida de Goiânia e de Goiânia para tratar justamente de leitos de UTI. Luzia disse que a situação está muito mais complicada nas duas cidades, enquanto em Anápolis a UPA consegue atender até 400 pessoas por dia – algumas, inclusive, vindas da própria capital.

Para Luzia, um passo importante para reduzir o impacto na alta complexidade é melhorar a atenção básica e outras questões que desembocam na Saúde. Ela citou um estudo que aponta as principais causas de morte em Anápolis. Em primeiro lugar aparecem os homicídios – um problema de segurança pública – e os acidentes, que são uma demanda gerada a partir do trânsito. Em segundo lugar, problemas cardíacos e vasculares. Em terceiro, neoplasias (câncer), em especial de mama e próstata, que são dois tipos que podem ser detectados na fase inicial e assim altamente curáveis.

De acordo com a secretária, ao se falar em alta complexidade é preciso considerar os municípios da Regional Pirineus, que somam nove além de Anápolis, e outras 60 cidades da área de abrangência que buscam o sistema de saúde local. “Nossa responsabilidade vai além dos nossos 360 mil habitantes. Chega a 1,1 milhão”, citou.

Luzia Cordeiro conclamou os vereadores a unirem esforços para que a cidade consiga mais leitos de UTI junto ao Ministério da Saúde, sobretudo na área vascular, uma deficiência não só em Anápolis, mas em todo o Estado de Goiás.

Outra questão levantada pela secretária é a judicialização da saúde. Segundo ela, a gestão atual herdou 462 mandados determinando algum tipo de procedimento – 70% já foram atendidos. “Esse ano nós tivemos 26 mandados, mas todos negociados. O promotor nos liga antes para saber a real capacidade de resolvermos o problema aqui”, explicou Luzia.

A secretária informou que há um trabalho sendo feito para que os moradores da Regional Pirineus tenham um cartão do SUS que informe a cidade de cada um. Dessa forma será possível organizar melhor a pactuação, inclusive com repasses de recursos financeiros para Anápolis quando houver necessidade de complementação.

O médico da Prefeitura de Anápolis e da Santa Casa de Misericórdia Olegário Vidal frisou esse aspecto regional da saúde pública anapolina. Segundo ele, só 18 municípios dos 246 de Goiás possuem leitos de UTI. Desse total, 90% estão nas maiores cidades, como Anápolis. Além disso, dos 1,6 mil leitos de unidade de terapia intensiva, 60% são da iniciativa privada. “Aquele cidadão que mora numa cidade menor, ele tem que caminhar uma distância longa, tem que estar regulado, para acessar um leito de UTI, ou seja, algo muito difícil. Temos um problema sério que precisa ser corrigido”.

A Santa Casa, instituição filantrópica que presta serviço ao SUS, é exemplo dessa concentração de atendimentos de outros municípios em Anápolis. “É uma unidade de referência. Em 2016, foram atendidos 196 municípios na Santa Casa. Realizamos mais de 650 mil procedimentos pelo SUS. Atendemos, inclusive, pacientes de municípios de outros Estados”, ressaltou o assessor da diretoria Renato Souza.

A Santa Casa possui hoje 30 leitos de UTI – dez adultos, dez pediátricos e dez neonatais. “Temos um processo no Ministério da Saúde para credenciar mais dez leitos”, explicou a também assessora da diretoria Wânia Montalvão.